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Até 2021, o Ministério da Educação espera que os estudantes brasileiros consigam obter 473 pontos de média nas três avaliações do Pisa. Isso significa subir 72 pontos em 11 anos. “Não podemos deixar de reconhecer o esforço feito pelo País. Por outro lado, para atingir a próxima meta, teremos de fazer mais do que o dobro feito na última década”, analisa o integrante do Conselho Nacional de Educação (CNE), Mozart Neves Ramos. “Se continuarmos nessa velocidade, não conseguiremos."
Com o salto econômico dado pelo Brasil, os especialistas acreditam que a educação poderia ter sido mais privilegiada. Em consequência, os resultados seriam melhores. “O investimento em educação ainda é baixo”, critica Mozart. Luiz Araújo, consultor da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), compara os resultados brasileiros aos de outros países em desenvolvimento.
“É verdade que melhoramos, mas ainda continuamos muito atrás. Há um descompasso entre o desenvolvimento econômico do País e as notas no Pisa. Somos o pior colocado entre os Brics. A China aparece em primeiro lugar e a Rússia em 40º”, analisa. Para ele, o Brasil não aproveita o próprio potencial. Ele lembra que a rede federal obteve os melhores resultados do País, superando a média dos países desenvolvidos. “Mas, nessas escolas, o custo por aluno é muito maior do nas redes estaduais e municipais. Há uma desigualdade de investimento a ser vencida e não só social”, pondera.
O professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Remi Castioni lembra que o desempenho dos estudantes das redes federal e privada levantam os resultados brasileiros. “Não há novidades nos dados. Sabemos que o País melhorou e quem está melhor preparado. Se dependesse da nota da rede estadual, teríamos sido os últimos do ranking. Se considerassem só as federais, estaríamos no topo”, afirma.
Professores, centro das mudanças
Os especialistas são unânimes ao defender mais investimentos para a educação. No entanto, acreditam que só recursos não bastam. Para eles, a carreira do professor deve estar no centro das próximas estratégias. “O magistério precisa se tornar objeto de desejo profissional para os jovens. Em todos os países com bom rendimento, isso acontece. No Brasil, é o inverso”, comenta Mozart.
Para o conselheiro, é preciso melhorar o salário inicial dos docentes, garantir condições de trabalho atraentes e um plano de carreira que contemple aumentos salariais de acordo com a formação. Além disso, ele acredita que as universidades precisam preparar melhor os professores para a realidade que encontrarão nas escolas públicas. Mudar o que se aprende em sala de aula é outra necessidade defendida pelos especialistas.
Castioni aponta o ensino médio como o grande desafio a partir de agora. Para ele, o governo federal precisa discutir mudanças efetivas nos currículos e no financiamento com os secretários estaduais de educação. “Não há nem equipe técnica nas secretarias preparada para ajudar os professores nessa tarefa”, diz.
Análise da OCDE
No relatório divulgado nesta terça-feira pela OCDE, o aumento de recursos para a educação e o investimento na formação de professores são apontados como chave para o melhor desempenho dos estudantes no Pisa. O documento diz que o País passou a investir, em 2009, 5,2% do PIB em educação, contra 4% em 2000 e que os salários dos professores foram melhorados.
A distribuição de recursos a partir do Fundo de Manutenção da Educação Básica (Fundeb), que estabelece padrões mínimos de custos por aluno em todos os Estados, e o Índice de Desenvolvimento da Educação (Ideb), criado para avaliar o desempenho das escolas e redes de ensino, são estratégias adotadas pelo governo citadas como importantes para a busca da “equidade” na educação. O relatório diz que houve “decréscimos importantes na quantidade de estudantes com o mais baixo desempenho”.
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