Um futuro para a internet
Em palestra na Universidade Federal de Pernambuco, o filósofo Pierre Lévy afirma que a mídia digital caminha para uma “esfera semântica” por volta de 2015
Em palestra na Universidade Federal de Pernambuco, o filósofo Pierre Lévy afirma que a mídia digital caminha para uma “esfera semântica” por volta de 2015
Por Adriana Vieira
Pierre Lévy no 3º Seminário Hipertexto e Tecnologias na Educação: "Vamos criar uma mente global. O cérebro global já existe" |
Com o tema “Do hipertexto opaco ao transparente”, Lévy iniciou sua apresentação de cerca de uma hora e meia, ao ar livre, na Concha Acústica da UFPE, abordando o seu conceito mais conhecido, o de “inteligência coletiva”. Para tanto, explicou detalhadamente o que chama de “ciclo de gerenciamento do conhecimento pessoal”, processo no qual as pessoas constroem seus conhecimentos a partir do enorme fluxo de informação. Entre as etapas desse ciclo estão: a definição de interesses e prioridades (“se não souber o que quer aprender, não vai a lugar nenhum”); a conexão com fontes valiosas; a categorização das informações; a síntese e compartilhamento/comunicação do conhecimento.
Segundo Lévy, a inteligência coletiva emerge da interação, mas também desse processo de aprendizagem individual; a base é pessoal. As pessoas estão trabalhando para uma memória comum, porém em diferentes linguagens, com metadados com distintas semânticas. “ É como se numa biblioteca nós tivéssemos 10 mil sistemas diferentes de catalogação e todos incompatíveis. Essa é a bagunça da internet. Essa é a situação da internet atualmente.”
Como então alcançar um gerenciamento do conhecimento social efetivo? O filósofo explicou as fases do desenvolvimento do mundo digital, iniciado com a invenção do computador nos anos 50, passando pela popularização da internet na década de 80 e pela criação da Web nos anos 90. Essa evolução, segundo ele, caminha para o que chama de “esfera semântica”, por volta de 2015.
Nessa “esfera semântica”, o hipertexto opaco da Web - opaco porque o endereçador dos conteúdos hoje é a URL (Uniform Resource Locator) e não explicita o significado dos dados - daria lugar a um novo código, desta vez transparente, um sistema simbólico totalmente computacional, mais poderoso até do que uma linguagem natural.
Parece impossível? Lévy vai mais longe: “vamos criar uma mente global. O cérebro global já existe. Isto é uma coisa material. O que não temos é um sistema de símbolos unificados. Vai ser muito mais poderoso do que a linguagem natural. Como uma matemática que descreva operações semânticas, operações da mente. O objetivo é aumentar essa inteligência coletiva humana pelo uso da mídia digital. Pelo uso cuidadoso e bem pensado da mídia digital” (citação extraída do blog do Professor Eli Lopes).
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