sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

EAD:ENTRAVES E AVANÇOS

Universidade Federal do Maranhão/UFMA
Resumo: O presente artigo científico apresenta em seu corpo informativo a natureza do estudo educação a distância, com o intuito de proporcionar ao leitor informações sobre a educação enquanto reflexo de uma sociedade que está intrinsecamente relacionada aos fatores sociais, econômicos e políticos de seu tempo;
Palavras - chave: Educação à Distância. Sociedade.
Abstract: This article presents scientific information in your body to study the nature of distance education, in order to provide the reader with information on education as a reflection of a society that is intrinsically related to social, economic and political problems of histime;


Keywords: Distance Education. Society.
1 INTRODUÇÃO
A educação não nasce com o homem. E sim é adquirida no decorrer de sua vida. Ela pode como processo social, reforçar a coesão social, atuando como força conservadora; ou, então, estimular ou libertar as possibilidades individuais de autodireção e escolha entre alternativas divergentes, em determinados momentos em que se afrouxam os meios sociais coercitivos. Entre esses dois extremos há, portanto, um meio-termo que deve ser, do ponto de vista da sociedade e do indivíduo, a meta ideal de todo processo educacional.
A educação insere-se nessa perspectiva de resgate, de reparação, de propiciar oportunidades de desenvolvimento para crianças, jovens e adultos (incluindo-se idosos) desde a alfabetização até a inclusão no mercado de trabalho e acesso a bens culturais, cuja existência só fará sentido quando puderem ser compartilhados entre todos os cidadãos indiscriminadamente e não como instrumentos de perpetuação da opressão e da desigualdade entre os homens.
O presente trabalho refere-se à compreensão e reflexão quanto ao tema Educação a Distância. Visto que se faz necessário, entender como se dá esta modalidade de ensino através do processo de mudança na educação, visando atender principalmente as exigências do mercado atual com características tão competitivas.
Essa modalidade educacional traz consigo uma cultura diferente daquela a que estamos habituados, pois a Educação a Distância tem sua estrutura descentralizada e proporciona uma nova vivência aos alunos e professores, trazendo em seu bojo uma nova cultura, a do trabalho em rede.
Detalhando o que será enfocado ao longo deste estudo, encontra-se delineado no primeiro capítulo a introdução, que apresenta ao leitor o objeto de estudo; o segundo capítulo destina-se a descrever as concepções de educação, frisando a sua importância para a libertação do indivíduo para que possa adentrar numa sociedade mais justa e menos excludente; no terceiro capítulo decreve-se o tema deste trabalho, tratando-o de forma crítica pautada em literaturas especializadas e por fim o quarto capítulo que tratará de concluir este artigo, traçando considerações sobre o tema abordado.
2  CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO
O homem desde sua existência tem a necessidade de se socializar, e para tal é necessário ter uma melhor preparação, não só para atuar no mercado de trabalho, mas, também, para adquirir conhecimentos no sentido de compreender os fatos sociais de seu tempo, e viver no seu ambiente social, contribuindo para que ocorram mudanças no cenário educacional. É nessa perspectiva que Saviani (apud ARANHA, 1996, p. 51) define a educação como “um processo que se caracteriza por uma atividade mediadora no seio da prática social global”.
Nesta perspectiva, a educação é um instrumento de transformação social, sendo considerada dentro de sua história como uma alavanca fundamental na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. É um direito humano fundamental, assim como a vida, a liberdade e a igualdade.
Todo indivíduo tem direito a educação para sua formação em todos os aspectos, pois é através desta que o individuo torna-se capaz de interagir, e transformar-se, desse modo faz-se necessário uma análise acerca do conceito de educação na concepção de alguns autores.
Conforme FERREIRA (2000, p.251) o termo educação significa “ato ou efeito de educar (se). Processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral do ser humano” É nesse sentido que a educação é um estágio processual que se desenvolve gradativamente conforme assimilação desta.
Educação é o processo social através do qual a sociedade sistematiza a transmissão de sua herança cultural, sendo esta transmissão a garantia de continuidade da espécie humana, enquanto tal. (TOSCANO, 2002, p.19)
Segundo a teoria de Toscano, a educação é o meio pelo qual se dá continuidade a humanidade, para tanto esta constitui-se no tempo como base de desenvolvimento do ser humano, proporcionando a este repassar seus valores e experiências obtidas no cotidiano social, como forma de educar gerações futuras.
No Brasil, até o final da década de 1920, as camadas dominantes, com objetivo de servir e alimentar seus próprios interesses e valores conseguiu organizar o ensino de forma fragmentada, tomando o país como um todo, o ideal, considerando o modelo proposto de educação. Isso se deu mesmo quando essas camadas deixaram de ser as únicas a procurar a educação escolar. O fato é que o toque aristocrático e o caráter de classe que essa educação conferia não só concorriam para manter o status, pela natural distância social que ajudava a promover, como também serviam de instrumento de ascensão social aos estados que embora privado da propriedade da terra, se achavam em condições de assumir posições mais elevadas.
Foram inúmeras as dificuldades decorrentes para o sistema educacional. Da expulsão dos jesuítas até as primeiras providências para a substituição dos educadores e do sistema jesuítico. Com a expulsão, desmantelou-se toda uma estrutura administrativa de ensino. A uniformidade da ação pedagógica, a perfeita transição de um nível escolar para outro, a graduação, foram substituídas pela diversificação das disciplinas isoladas. Leigos começaram a ser introduzidos no ensino e o Estado assumiu, pela primeira vez, os encargos da educação.
A Constituição da República de 1891, que instituiu o Sistema Federativo do Governo, consagrou também a descentralização do ensino, ou melhor, a dualidade de sistemas, já que, pelo seu artigo 35, itens 3° e 4° ele reservou à União o direito de: “Criar instituições de ensino superior e secundário nos Estados” e “prover a instrução secundária no Distrito Federal” o que, conseqüentemente, delegava aos Estados competência para legislar sobre a educação primária; á União cabia criar e controlar a instrução superior em toda a Nação, bem como criar e controlar o ensino secundário, acadêmico, e a instrução em todos os níveis do Distrito Federal. Aos Estados cabia criar e controlar o ensino primário e o ensino.
Nas últimas décadas inúmeras e significativas têm sido as reflexões acerca da educação e que no contexto mundial tem gerado reformas no sistema educativo. Tais transformações inspiram-se no direito de todos à educação, em igualdade de condições de acesso e permanência na escola (art. 206, inciso I da Constituição Brasileira de 1988), visando pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (art.205). Neste mesmo período surge a LDBN (Lei nº 9394/96), com base na Constituição de 1988, a saber:
Art. 2º - A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (SAVIANI, 2001, p. 163).
Nesse contexto, percebe-se que a educação é um dos pilares fundamentais dos direitos humano e da democracia, pois a mesma deve ser acessível a todos no decorrer da vida, havendo necessidade da adoção de medidas para assegurar a coordenação e cooperação entre os vários setores e, em particular, a educação em geral, técnica e profissional, secundária e pós-secundária, ensino superior, bem como nos cursos de pós-graduação..
Hodiernamente a educação apresenta-se, sob a forma presencial (ensino convencional); semi - presencial (parte presencial e parte virtual); e educação a distância (ou virtual). Vale ressaltar, ainda, a educação continuada, que se dá no processo constante de aprender em serviço, desenvolvendo um conjunto de atividades teórico-prático.
3  CONSIDERAÇÕES SOBRE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Tomando como ponto de partida a dada compreensão mais alargada de educação a distância, faz-se necessário algumas considerações a cerca do tema em questão, de modo a entendê-lo a partir de sua evolução, características e conceituação.
Segundo os renomados autores Ricardo Teixeira Veiga, Alexandre Inácio de Moura, Carlos Alberto Gonçalves e Francisco Vidal Barbosa:
O ensino a distância (EAD) não é novidade. No Brasil, tem funcionado há décadas através de cursos por correspondência, como os do Instituto Universal Brasileiro, e pela televisão, como o Telecurso 2º Grau, criado pela Rede Globo. A maior novidade dos últimos anos é a possibilidade de uso de tecnologias interativas, que permitem a comunicação em tempo real entre instrutores e alunos, tais como as teleconferências e a internet, a qual tem-se desenvolvido em termos de capilaridade, velocidade e incorporação de recursos multimídia.
Analisando os fatos históricos, pode-se presumir que, em decorrência da globalização a educação teve que se adequar às necessidades do mercado, surgindo assim uma nova postura diante das transformações, tanto no Brasil como no mundo, marcada pelo surgimento de novas tecnologias. Segundo FERRARI (2007, p.24) “No Brasil, as experiências em ensino a distância ainda são escassas e localizadas em algumas universidades ou em escolas particulares”.
Em relação à conceituação de educação a distância pode-se inferir a partir de educadores, cientistas e filósofos que têm procurado alternativas e soluções criadoras para o problema educacional em nosso país, a saber:
# Moran (1994, p.1): Educação a distância é o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente;
# Holberg (apud VEIGA, 2007, p.3) o termo “educação a distância” refere-se a várias formas de estudo, de vários níveis, que não estão sob a contínua e imediata supervisão de tutores presentes com seus alunos nas salas de leitura ou no mesmo local. A educação a distância se beneficia do planejamento, direção e instrução da organização do ensino;
# Moore (apud VEIGA, 2007, p.3): EAD pode ser definida como a família de métodos instrucionais onde as ações dos professores são executadas à parte das ações dos alunos, incluindo situações continuadas que podem ser feitas na presença de estudantes. A comunicação professor-aluno deve ser facilitada por meios impressos, eletrônicos, mecânicos ou outros.
No contexto das reflexões apresentadas anteriormente, através de alguns conceitos básicos, acerca da educação a distância (EAD) é possível deduzir que as atividades pedagógicas apresentadas neste estudo podem se concretizar na prática.
KEEGAN (1991, p.38), evidencia isso através dos elementos fundamentais sobre os conceitos de Educação a Distância, são eles:
(1) separação física entre professor e aluno, que distingue o EAD do ensino presencial;
(2) influência da organização educacional (planejamento, sistematização, plano, projeto e organização rígida), que a diferencia da organização do ensino;
(3) uso de meios técnicos de comunicação, usualmente impressos, para unir professor ao aluno e transmitir conteúdos educativos;
(4) comunicação de mão-dupla, onde o estudante pode beneficiar-se da iniciativa no diálogo;
(5) possibilidade de encontros ocasionais com propósitos didáticos e de socialização;
(6) participação de uma forma industrializada de educação, potencialmente revolucionária.
Para operacionalizar tal modalidade, existem alguns quesitos indispensáveis a serem observados na implementação de uma adequada arquitetura para a Educação a Distância (EAD), a saber:
- Interoperabilidade visando: suportar vasta pesquisa acadêmica, comunicação entre diversos sistemas de aprendizado, compartilhamento de recursos;
- Colaboração visando: Comunicação entre aprendizes, aprendizes e professores, instituições e autoridades;
- Sistemas de avaliação que primem pela: auto - avaliação, avaliação e aprendizado;
- Reutilização de módulos visando: a melhoria da qualidade de conteúdo disponibilizado e das formas de ensino, presença de conteúdo pedagógico incorporado constantemente renovado;
- Expansibilidade: facilitando a evolução gradativa dos sistemas.
Diante do exposto, percebe-se que a educação a distância apresenta características particulares aplicáveis à formação inicial e/ou continuada do indivíduo que se encontra isolado geograficamente, sem acesso aos cursos regulares, além de possibilitar a percepção do homem como ser planetário, ao ensejar o convívio com a diversidade cultural, através dos conteúdos instrucionais, do material didático e dos métodos para operacionalização da pesquisa, dentre outros.
No EAD, a preparação do conteúdo instrucional constitui um desafio, pois cada conteúdo deve ser criado em formato específico, compatível com o suporte tecnológico, e armazenado como arquivo, para ser acessado através da aula. É necessário trabalhar artisticamente o material didático, desenvolvido através de HTML, JAVA, Powerpoint, Autoware, etc., para torná-lo mais atraente, comunicativo e eficaz. Por isso, grandes organizações têm criado equipes de especialistas para cuidar do material instrucional. (VEIGA,2008, p. 5).
A Educação a Distância por sua natureza globalizante e integradora possui dois pilares de sustentação de grande relevância: a flexibilidade e a interatividade que, por sua vez, asseguram outro aspecto imprescindível, que é a autonomia.
A partir das definições do MEC (NEVES, 2000) existem 10 pontos a serem observados, são eles:
1) Compromisso dos gestores;
2) Desenho do projeto;
3) Equipe profissional multidisciplinar (conteúdistas, técnicos, suporte pedagógico e estrutural).
4) Valorização do trabalho tutorial e seu comprometimento com os objetivos do projeto didático-pedagógico;
5) Alto grau de comunicação e interação entre os agentes;
6) Recursos educacionais;
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7) Infra – estrutura adequada de apoio e transparência nas informações;
8) Sustentabilidade financeira – planejamento adequado dos investimentos;
9) Convênios e parcerias. Dado que a implementação destes cursos revelou-se uma atividade bastante onerosa;
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10) Avaliação contínua e abrangente para atingir melhorias significativas e resolução de problemas;
Nesse contexto, percebe-se a necessidade de qualificação do indivíduo em um país com dimensões continentais como o Brasil tornar-se-ia prejudicada caso não houvesse o desenvolvimento da modalidade de Ensino à Distância que possui a capacidade de transpassar as barreiras geográficas e levar o conhecimento a um número incalculável de pessoas, seja em nível acadêmico ou de pós-graduação.
Com o Ensino à Distância há possibilidades de que tanto o acadêmico quanto os profissionais das diversas áreas do saber possam alcançar o conhecimento desenvolvido nos mais diversos rincões nacionais e internacionais, assim como disseminar o que eles mesmos estão a produzir, sendo uma via de mão dupla onde a troca de conhecimentos possibilita o engrandecimento e o aprimoramento na prestação de serviços.
4 CONCLUSÃO
Diante de tudo que foi apresentado no transcurso deste trabalho e de acordo com a proposta do mesmo, foi possível deduzir inúmeras conclusões, dentre as quais, muitas têm importância fundamental para o desenvolvimento e concretização do entendimento de que deve haver mudanças em relação aos efeitos atribuídos, majoritariamente, à Educação.
# A educação é um instrumento de transformação social na medida em que essa transformação ocorre a nível econômico, ideológico e político;
# A Educação a Distância encontra-se centrada no aluno, na sua autonomia, portanto, este assume a direção do processo ensino-aprendizagem;
# O processo de mudança na EAD não é uniforme nem fácil, pois há uma grande desigualdade econômica, de acesso e de motivação de pessoas;
# O ensino a distância deve acontecer de forma colaborativa, onde alunos e professores possam aprender a agir por conta própria, com criatividade para inovar;
# A comunicação deve ser clara e de fácil acesso aos discentes, para que haja a divulgação das informações;
# Na Educação a Distância é dada ênfase ao papel do docente “como alguém que ensina a distância”, enquanto supervisor, mediador e articulador da aprendizagem;
# A metodologia usada em “ensino a distância” deve assegurar o processo de construção do conhecimento, o desenvolvimento de atitudes e habilidades inerentes ao profissional desejado;
# Avaliação é contínua e abrangente para atingir melhorias significativas e resolução de problemas. Não existe um modelo pronto de EAD.
REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. São Paulo: Moderna, 1996.
FERREIRA, Roberto Martins. Sociologia da Educação. São Paulo: Moderna, 1993.
FERRARI, Fernanda B. et al. O ensino a distância como ferramenta para empreender na educação. On Line. Disponível em <htpp:/www.scielo.br. html>.
KEEGAN, D. Fundations of distance education. Londres, 1991.
MORAN,J. M.. Novos caminhos do ensino a distância. In: CEAD, Rio de Janeiro,SENAI, ano I, n.5, out./Nov/dez, 1994.
­­­­­­­­­­­­­ NEVES, M.C.M.(2000). MEC- manual para cursos de EAD. Disponível em: www.mec.org.br.Acessado em 28/09/2009.
SAVIANI, Demerval. A Nova Lei da Educação: Trajetórias, limites e perspectivas. Campinas, SP: Autores Associados, 1997.
TOSCANO, Moema. Introdução à Sociologia Educacional. Petropólis: Vozes, 2002.
VEIGA, Ricardo Teixeira. O ensino à distância pela internet: conceito e proposta de Avaliação. On Line. Disponível em <htpp//www.epdee.ufmg.br.cursos/C/html>.

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