segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

SAI SECRETARIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

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Bielschowsky deixa Secretaria de Educação a Distância

Paulo Chico
Em mensagem divulgada na tarde desta quinta, 6 de janeiro, Carlos Eduardo Bielschowsky confirmou que deixará o comando da Secretaria de Educação a Distância do MEC, cargo que ocupava desde maio de 2007. O professor, cujo substituto deve ser definido nos próximos dias, alegou ter tomado a decisão motivado por razões pessoais, como estabelecer maior convívio familiar. A expectativa é de que, de volta ao Rio de Janeiro, Bielschowsky retorne ao Cederj, consórcio de educação a distância que reúne as universidades públicas do estado. Isso, contudo, ainda não foi confirmado pelo educador, que é vinculado à UFRJ.

A intenção de deixar a Seed/MEC já havia sido sinalizada por Bielschowsky em entrevista à FOLHA DIRIGIDA, em novembro de 2010, quando da publicação do Caderno Especial EAD, encartado nas edições do jornal. Na ocasião, o secretário afirmou que a Seed deixaria de herança, para o próximo governo, um trabalho adiantado e em pleno andamento. E destacou ações que exigiriam continuidade, como o projeto de TV digital e o portal do aluno, que ainda não foi lançado, mas, segundo ele, está encaminhado. “O meu dever, agora, é terminar o que está pendente e deixar a casa organizada, o que faz parte desse fim de governo”, finalizou Bielschowsky.
Na mesma entrevista ele disse acreditar que a supervisão ao ensino a distância, que provocou o fechamento de cursos, o descredenciamento de polos e, inicialmente, uma ‘gritaria’ do setor privado, acabou provando que refrear aquele crescimento exponencial da oferta de cursos era o caminho mais acertado pela busca da qualidade e, dessa forma, para uma mudança cultural. “O setor privado, que tinha resistênca a esse rearranjo agora tem resistência a voltar como estava antes. A boa relação com as universidades particulares foi fundamental para esse trabalho de qualidade. O resultado disso é que o setor público de EAD se colocou e o setor privado está se reorganizando.”
Essa mudança cultural a que se refere Bielschowsky foi, na verdade, uma quebra de resistência que a EAD ainda encontrava no meio acadêmico, mais especificamente nas instituições públicas. “Quando conseguimos encontrar cursos de mais qualidade no mercado e fazer com que isso se refletisse positivamente nos resultados do Enade, por exemplo, percebemos que o trabalho realizado atendeu ao seu compromisso social. O que, na verdade, era um processo natural, mas que dependia dessa mudança de postura das pessoas e das instituições”.
Confira a seguir a íntegra da mensagem de despedida divulgada pelo ex-secretário, na qual enumera algumas de suas realizações na Seed e agradece o apoio de colegas e, sobretudo, do ministro da Educação, Fernando Haddad, que segue à frente do MEC no governo de Dilma Rousseff.
Brasília, 5 de janeiro de 2011
Mensagem à comunidade de educação a distância
Ao me convidar para o cargo de secretário de Educação a Distância em 2007, o ministro Fernando Haddad solicitou prioridade no processo de regulação da educação superior a distância e incentivo à ampliação da oferfta de EAD nas instituições públicas de ensino superior. Quero expressar, em primeiro lugar, meu orgulho de ter participado da equipe do ministro Haddad, por tudo que foi realizado pela educação brasileira e também pelo clima de amizade que se estabeleceu no MEC.
Ainda em 2001 consolidamos novos referenciais de qualidade da educação a distância por meio de consulta pública à comunidade acadêmica e construímos instrumentos específicos junto com o Inep, Conaes e Conselho Nacional de Educação (CNE). Ao iniciar o processo de supervisão, em 2008, enfrentamos problemas gravíssimos, como, por exemplo, a necessidade de descredenciar uma instituição que tinha 110 mil alunos. Nessa tarefa procuramos sempre ajudar as instituições a atingirem um bom patamar de qualidade dentro de suas plenas condições acadêmicas, tendo contado com ampla colaboração de nossa comunidade acadêmica.
Um outro  marco importante desse período foi a consolidação da Universidade Aberta do Brasil (UAB), construída em 2006 na Seed e consolidada entre 2007 e 2008. A partir de 2009, a UAB se fortaleceu ainda mais na Capes, beneficiando cerca de 200 mil alunos em 570 polos de apoio prfesencial, sendo 70% em cursos de graduação. Aproveito a oportunidade para parabenizar a equipe da Capes nas pessoas de seu presidente, Dr. Jorge Guimarães, e do diretor da UA, Dr. Celso Costa. Hoje, participam da UAB quase todas as universidades federais e estaduais e boa parte dos institutos federais de educação.
Gostaria de enfatizar meu orgulho de participar desta nossa comunidade de EAD, composta por profissionais inovadores e comprometidos, que foi capaz de implementar novos processos pedagógicos. Também foi uma satisfação ter trabalhado junto às equipes do MEC, Inep, FNDE e da Capes, tão comprometidas com a área. Destaco também a colaboração que recebemos da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed) e da Unirede.
Avançamos juntos na implantação de um modelo que estimula o desenvolvimento cognitivo mais autônomo de nossos estudantes e abre as portas do ensino superior a populações até então excluídas por condições geográficas, econômicas e sociais.
Porém, quatro anos de inteira dedicação a este projeto me impuseram distanciamento do convívio familiar, motivo pelo qual solicitei ao ministro que me liberasse da tarefa de secretário. Reitero meus agradecimentos e admiração pelo ministro Fernando Haddad, que liderou este processo com tantos avanços para nossa área de EAD, agradeço aos demais colegas pela colaboração e amizade e desejo a todos um Feliz Ano Novo de muitas realizações.
Forte abraço,
Carlos Eduardo BielschowskyProf. da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Secretário de Educação a Distância do Ministério da Educação (período de 2007 a 2010)

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